sábado, 27 de dezembro de 2008

O diploma me faz jornalista?



Recebi esses dias em uma das listas de que participo mais um dos e-mails, sempre em tom sindicalista-desesperado, falando da defesa do diploma para o exercício do Jornalismo. Um “manifesto à nação” da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), cuja propagação foi pedida aos jornalistas e blogueiros da lista —mas que o próprio site da Fenaj não destacava até a publicação deste post, ou se trazia era escondido demais para tanto alarde. Sou jornalista formado —mas me pergunto: foi mesmo o diploma que me fez jornalista?

Diz o tal manifesto: “O Supremo Tribunal Federal (STF) está prestes a julgar o Recurso Extraordinário (RE) 511961 que, se aprovado, vai desregulamentar a profissão de jornalista, porque elimina um dos seus pilares: a obrigatoriedade do diploma em Curso Superior de Jornalismo para o seu exercício. Vai tornar possível que qualquer pessoa, mesmo a que não tenha concluído nem o ensino fundamental, exerça as atividades jornalísticas.”

Questiono-me sobre o século em que vivem os profissionais integrantes da Fenaj e do Sindicato dos Jornalistas. Corporativismo é a razão óbvia. Mas obsolescência é o que me parece estar por trás disto. Por um simples motivo: exercer funções jornalísticas independe do diploma faz tempo, e não requer que recurso extraordinário algum. Graças à Web, qualquer um pode exercer sua liberdade de expressão.

Sempre fui favorável ao diploma. Até que, formado, após dois anos ministrando aulas de graduação para Jornalismo e cursando meu mestrado em Comunicação, retornei à Escola de Comunicações e Artes da USP, só que agora como professor. Foi um semestre para confirmar o que meu orgulhoso diploma uspiano me fazia negar —o curso de Jornalismo beira a falácia. Estuda-se sociologia e filosofia (ministrada por sociólogos e filósofos frustrados, que vieram cair na área de comunicação) de maneira parca e rasa; de outro lado estudam-se as técnicas de cada meio de difusão de informação, como se isso não fosse material de ensino profissionalizante e estivesse muito aquém do que requer um grau superior de formação.

E a Comunicação, campo tão rico, tão vasto? Meu semestre de Teoria da Comunicação, em 1999 ou 2000, foi tão superficial que tive de buscar uma optativa sobre o tema tempos depois. História do Jornalismo? Ha! Uma verdadeira piada… com direito a professora questionando os alunos sobre “O que é aprender”, pergunta seguida de vexatórios 10 minutos de silêncio na sala. Outra vez, fui obrigado a procurar uma optativa do saudoso Jair Borin para saber um pouco do que havia se passado na história da imprensa do meu país. Pergunte-me se alguma disciplina tinha por leitura obrigatória a “História da Imprensa no Brasil”, do Nelson Werneck Sodré? Pergunte aos responsáveis pelo curso de Jornalismo se existe algum esforço em publicar o trabalho dos alunos em algum meio outro que não o papel malcheiroso do Jornal do Campus? Quando comparo o que estudei em cinco anos de ECA com o que as pessoas da FAU, da Poli, da FEA estudam, realmente tenho a sensação de que cursar Jornalismo foi uma grande brincadeira. O que só se ratifica quando você ouve da boca de um coordenador de curso da USP que a faculdade só é o que é por causa da Fuvest.

E então você se depara com trabalhos como a reportagem multimídia Entremuros de um Hospital-Colônia, da ecana Gabriela Agustini —de que fui banca avaliadora, na sexta-feira última— e percebe que foi executado todinho sem apoio algum da Escola, mas somente com o pulso da orientadora e da própria rede de contatos que a aluna criou. Realmente há algo de errado.

Certa feita ouvi uma frase comicamente realista. “O mundo tem uma bunda muito grande, e as pessoas precisam de muito papel para limpá-la”. Pois um diploma, nessas condições de formação, é um papel higiênico com carimbo da USP —e aqui cuspo no prato que comi, mas certo de que a história se repete de tanto que já ouvi de gente que se graduou em outros cursos de jornalismo pelo país.

Será, portanto, que Fenaj e Sindicato estão realmente se preocupando com o que merece atenção, ou estão apenas defendendo interesses corporativistas, para manter suas fontes de renda e sua função, cada vez mais anacrônica, diante de um cenário de mídia que já virou de século? Porque, realmente, se é para defender este diploma que eu e mais tantos outros tiram todo ano —juro que talvez eu tenha que mudar de lado.

Que se pense, pois, o Jornalismo —antes de defesas corporativas, precisamos de uma defesa conceitual. Torna-se necessário ousar mais no âmbito acadêmico, que, fora do anacronismo modorrento da universidade pública, ainda teima em reproduzir (e reproduz mal) o mercado a quem busca fornecer mão-de-obra. O momento é de transição, e manter o velho discurso sobre diploma da era da imprensa escrita só tornará os jornalistas ainda mais anacrônicos e dinossáuricos em tempos de Web.

Para concluir, vou usar uma citação de Ignacio Ramonet, do Le Monde Diplomatique, como que para dizer que sim, ainda acredito no Jornalismo: “Face a todas as transformações tecnológicas com as quais nos defrontamos, devemos nos colocar a seguinte pergunta: de que problemas atuais o jornalismo é a solução? Se conseguirmos responder, então o jornalismo jamais desaparecerá.”

Ainda há como responder?
________________
Com base no artigo acima faça uma análise sobre: o que "faz (forma) de fato um jornalista ser jornalista"?
____________

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Capas e notícias: qual é o critério?



Na edição 2091, a Veja trouxe em sua Carta ao Leitor "o critério" para seleção da capa semanal. Analise os argumentos da revista e faça um texto (dissertativo) demonstrando sua opinião sobre o critério adotado, incluindo na sua argumentação se a escolha da revista foi baseada em apuração jornalística, interesse público, sensacionalismo outros...

Carta ao Leitor
A corrida das notícias





A reportagem sobre o poder do Google, a que explica o desejo de consumir e a que trata das ações do governo para amenizar a crise poderiam também ter sido escolhidas

Para uma revista semanal, a dificuldade de seus editores em escolher o assunto que merece ser capa é um indicador de vigor editorial. Também é ótimo sinal quando uma capa escolhida no começo ou no meio da semana cede lugar a um fato espetacular que acaba se impondo e ocupando o espaço mais nobre da revista. Nesta semana, os editores de VEJA viram-se nessa condição. Eles tiveram de abrir caminho para a capa a um assunto depois de outro, na saudável alternância que, no fundo, é o alimento para a alma do jornalismo, atividade cujo maior inimigo é a normalidade.

Quando a semana começou, a reportagem sobre o poder global do Google parecia candidata imbatível para a capa. Na quarta-feira, a decisiva cartada do governo contra a crise, materializada por um plano que, de maneira inédita, cortou gastos oficiais e diminuiu impostos, ganhou o privilégio de ser capa. Essa dianteira seria perdida na manhã de quinta-feira por uma revelação chocante, a morte com suspeita de overdose do ex-marido de Susana Vieira, uma das mais queridas e talentosas atrizes brasileiras. Susana tem tido na vida real dissabores amorosos que nem os mais inventivos autores de novela parecem ter sido capazes de criar. Esses raros momentos em que a vida supera a arte são os mais reveladores das fraquezas e complexidades da condição humana – e é disso que trata a capa de VEJA.

Ter perdido a capa não diminui a qualidade das reportagens preteridas. A que revela o crescente domínio do Google na internet merece um destaque especial. Para produzi-la, a jornalista Paula Neiva leu oito livros, entrevistou 23 físicos, engenheiros, publicitários, economistas e executivos familiarizados com o Google no Brasil, nos Estados Unidos e na Inglaterra. Seu relato, que se inicia na página 150, mostra como o que começou há dez anos sendo apenas um site de buscas se tornou a maior multinacional do mundo digital, com a possibilidade e a vontade de armazenar todo o conhecimento humano e ser a porta de entrada da internet para bilhões de terráqueos.
____________
Fonte:
http://veja.abril.com.br/171208/cartaleitor.shtml#-100 - Edição 2091 - 17 de dezembro de 2008

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Notícia e mercado!

"É espantosa a autocensura dos jornalistas, hoje. Muitos colegas se antecipam ao que pensa o patrão. Ou colocam na cabeça do patrão o que ele nem chega a pensar. Mesmo porque alguns dos patrões da grande imprensa só costumam pensar sobre cifrões, sem qualquer intimidade com a matéria-prima do jornalismo, a informação".

Lúcio Flávio Pinto

sábado, 22 de novembro de 2008

Reportagem x anunciantes: a revista na era capitalista

As 69 primeiras páginas da Veja
por Wilson Bueno*

É razoável imaginar que o leitor de revistas de caráter jornalístico, deve, quando tem acesso a uma delas, privilegiar as informações e sobretudo as informações de qualidade. Um bom veículo jornalístico se caracteriza por notícias e reportagens, se possível pautadas pela redação em função de certos critérios tradicionais na área, um dos quais o interesse público.

Tudo bem, os anúncios fazem parte do negócio e numa sociedade moderna, capitalista ou não, eles estão aí por toda a parte, seduzindo-nos especialmente a consumir celulares, fast-food, carrões de todo o tipo, bebidas, medicamentos e outras coisas vistas pelo cidadão como normais ou indispensáveis.

Mas há limites na relação entre o espaço editorial e o espaço comercial que deveriam ser respeitados , sobretudo quando há uma contaminação de interesses privados ou públicos em detrimento da qualidade da informação. Na prática, é isso a que estamos assistindo recorrentemente nos veículos brasileiros, com algumas poucas exceções que merecem ser saudadas.

Dentre estas exceções, obviamente não está, a meu ver, a revista Veja, que não se caracteriza há tempos pela excelência editorial, muito pelo contrário, embora mantenha a liderança em termos de tiragem (o leitor brasileiro é pouco exigente mesmo) e o seu cinismo editorial. Blasfema contra as ideologias e tem a sua própria, comprometida com os interesses de determinados grupos, em especial aquele que a sustenta, como toda empresa ou corporação de mídia nesse país. Até aí nada tem de diferente. Os monopólios são parecidos na indústria da comunicação, na de medicamentos, na de biotecnologia, agroquímica ou na tabagista e comungam do mesmo credo: o lucro em primeiro lugar e os adversários têm que ser banidos do mapa, a qualquer custo.

Nesta semana, ao que parece, a Veja exorbitou e é interessante ver alguns dados. Tomemos as primeiras 69 páginas da revista, incluída aí a capa, para seguir a numeração adotada pela publicação.

Pois bem, vamos aos números. Quantas reportagens ou mesmo notícias na verdadeira acepção da palavra, encontramos nestas 69 páginas? Ora, se tirarmos as páginas amarelas tradicionais, que ocupam 3 páginas permeadas por uma página dupla de publicidade, nenhuma reportagem. Isso mesmo. A Veja, nas 69 primeiras páginas desta edição, dedica 46 páginas para publicidade (e não contei alguns terços de páginas, aquelas lingüetas com anúncios de clínicas que tratam de problemas de ereção), reservando as demais (23) para um ou outro colunista (ou mais apropriadamente cronista ou humorista de prestígio) como Lia Luft e Millor, expediente, carta do leitor, e colunas com pouca inteligência e densidade, como Radar, Imagem da Semana , Holofote, Veja Essa).

A primeira reportagem aparece na página 70 e está desatualizadíssima porque diz como os candidatos à prefeitura chegaram à reta final (segundo turno), quando todos nós, no final da semana quando a revista chegou às bancas e em nossas casas, já estávamos tomando contato do resultado definitivo e acompanhando a abertura das urnas. Aliás, a data da revista (29 de outubro) é mesmo posterior às eleições do segundo turno.

Em jornalismo, costumamos dizer que se trata de matéria fria, como boa parte da revista Veja desta semana, uma "cozinha" terrível porque certamente está faltando redação, provavelmente engolida pelo comercial, cada vez mais competente a ponto de reduzir a redação a uma posição secundaríssima.

Se considerarmos a revista com um todo (164 páginas, incluídas a capa), vamos encontrar no total 75 páginas de publicidade. Se incluirmos as 20 páginas do encarte Veja especial Autos, um informe publicitário, teremos 184 páginas e 95 de publicidade, uma proporção dramática para uma revista de caráter jornalístico. Notícias, reportagens de verdade representam cerca de um terço da Veja, ou seja ela está mais para catálogo publicitário e para espaços assinados ou de notinhas tipo almanaque do que uma publicação efetivamente pautada pela redação.

O jornalismo brasileiro de revista, com poucas exceções, está caminhando para isso, ou seja pouco de jornalismo (em quantidade e qualidade porque está sobrando matéria gelada, requentada e outras modalidades menos votados) e muito de projetos de mercado, publieditoriais. Isso tem explicação: com a baixa qualidade da informação, tem sido mesmo difícil para as revistas se sustentarem apenas com a venda e as assinaturas . Daí a apelação, como a da Veja, é inevitável. Os jornais já fazem isso há algum com promoção de fascículos, CDs, livros encalhados e assim por diante. E a Caras já inseriu faca, colher e outras coisas malucas para empurrar a revista.

Evidentemente, o exemplo da Veja não é único e só chama a atenção porque se trata, ainda, da revista de maior circulação e que um dia já deu sua contribuição ao jornalismo brasileiro. Hoje, a contribuição relevante é muito pequena e ocorre aos espasmos, apenas em tempo de escândalos políticos.

É necessário, tendo em vista esta dura realidade, rever os modelos e conceitos. Vai ser difícil a imprensa culpar as escolas de Jornalismo por essas mazelas todas porque, na prática, os jornalistas pouco têm participado destes projetos, que andam sendo liderados pelos departamentos comerciais e por relacionamentos pessoais e comerciais de empresários da comunicação que andam loteando os espaços para quem se dispuser a pagar por eles.

A situação não é melhor nas revistas segmentadas (há exceções, felizmente) que se mantêm reféns de anunciantes e que , em muitos casos, exibem, sem ficarem coradas, reportagens com o cheiro ruim de jabá, matérias pagas dissimuladas, operações casadas entre anúncios e espaço editorial, como os exemplos horrorosos das edições "as melhores empresas para trabalhar" e outros rankings sem valor algum.

As revistas brasileiras (há exceções, muito poucas) não têm sido mais produzidas com os neurônios dos jornalistas, mas com a grana dos que as financiam e andam pobres, sem inteligência, com gosto e aparência de coisa velha, mofada, completamente descartáveis.

A qualidade do jornalismo brasileiro nada tem a ver com a exigência ou não do diploma (embora a contribuição de alguns cursos de jornalismo tenha sido fundamental para oxigenar algumas redações) mas com a cabeça dos empresários da comunicação que andam mais preocupados em agradar anunciantes do que em investir realmente na informação qualificada. Como o jornalismo brasileiro em geral, o jornalismo de revista é preguiçoso, burocrata, refém de agências e assessorias e sobretudo de empresas que têm utilizado o espaço editorial e publicitário para o processo sujo e não ético de limpeza de imagem, incluída aí a praga do marketing verde, que tenta nos convencer de que a indústria tabagista, agroquímica, de papel e celulose ou mineradora, dentre outras, é sustentável. História para boi dormir ou piada de gosto discutível?

Está na hora de reiventar o jornalismo e sobretudo o jornalismo de revista, que está mais para catálogo de produtos e para fábrica de congelados (de tão frio) . Aquela imprensa viva, ativa, investigativa de que todos gostamos permanece cada vez mais na memória.

Certamente, estou errado na opinião dos empresários e profissionais de propaganda. A Veja, com seu número recorde de páginas de publicidade, talvez ganhe o prêmio de veículo de ano. Afinal de contas, pelos critérios atuais, revista bem sucedida não é aquela que está repleta de anúncios? Viva a Veja. Para quem gosta é prato cheio.

Continuo preferindo o Paulo Freire que um dia desses mereceu comentários infelizes da revista, que não consegue reconhecê-lo como um dos maiores educadores da atualidade. Vai ver que a Veja julga que este lugar deva ser ocupado por um de seus patrões, provavelmente tidos por ela como baluartes da democracia, da ética e da educação. Só para entrar no clima das eleições, entre Paulo Freire e Vitor Civita, você votaria em quem? Quem maior contribuição deu à educação brasileira?

Se peguei pesado, peço desculpas, mas o cinismo empresarial me irrita profundamente. Coisa de jornalista tradicional, que ainda prefere ler as reportagens nas revistas de caráter jornalístico e que julga que o dedo do comercial deveria estar em outro lugar, não nas redações. Aonde? Sugestões são aceitas, mas, por favor, respeitem o colunista.


_______________

* Wilson da Costa Bueno é jornalista, professor da UMESP e da USP, diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa. Editor de 4 sites temáticos e de 4 revistas digitais de comunicação.
_______________
Exercício:
Faça análise do conteúdo de três revistas de um segmento (a escolher) com base nos argumentos de Bueno no artigo acima.
Também, confira abaixo os argumentos da Revista Veja (em 2007) quanto ao crescimento de páginas de anunciantes.



_______________
Carta ao leitor

Edição 20375 de dezembro de 2007

Esta edição de VEJA apresenta, no total, 240 páginas. Destas, 121 são de reportagens, entrevistas e artigos, quarenta acima da média. As 119 restantes são de publicidade – um recorde em edições regulares da revista. São números que impressionam e nos enchem de orgulho. Para além de refletir o bom momento da economia brasileira, demonstram o grau de credibilidade, amplitude e prestígio da maior e mais influente revista do país.

Esse prestígio pode ser medido de outras formas. Antes de mais nada, pela qualidade dos seus leitores. Eles formam um contingente de quase 1 milhão de assinantes e cerca de 200 000 compradores em bancas e supermercados. Nos pontos-de-venda espalhados de norte a sul do Brasil, a circulação de VEJA é o dobro da soma da de todas as outras revistas semanais de informação, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Verificador de Circulação (IVC). A qualidade e a quantidade de leitores de VEJA atraem, é claro, um grande número de anunciantes igualmente qualificados. Juntos, leitores e anunciantes são a base material da independência, isenção e liberdade de expressão do jornalismo da revista. Os assinantes, os leitores de banca e os anunciantes impulsionam VEJA em sua missão primordial de servir ao Brasil.

Como não poderia deixar de ser, o cardápio editorial desta semana é ainda mais diversificado do que o usual. Traz desde as últimas peripécias subterrâneas do senador Renan Calheiros até a extraordinária expansão dos cartões de crédito e débito no país. VEJA também responde a dezenas de dúvidas a respeito da TV digital, uma novidade que está para entrar em todos os lares brasileiros, revela a imponência dos templos-espetáculo e explica como a medicina encara as doenças ligadas às emoções. A extensa variedade de assuntos cobertos habitualmente por VEJA, aliada à sua credibilidade, transformou a revista numa referência nacional. Não é por outra razão que, na pesquisa de 2007 da Associação Brasileira de Anunciantes, feita em parceria com a Top Brands Consultoria e Gestão de marcas, a revista sobe de 40% para 45% em citações espontâneas, ficando atrás apenas de OMO, Coca-Cola e Visa como uma das marcas mais conhecidas e respeitadas do país.

sábado, 8 de novembro de 2008

Em Serafina, jornalismo é apenas maquiagem



O XIS DA QUESTÃO - Na edição desta semana há apenas um bom texto, de Paulo Sampaio. O resto é mediocridade mais ou menos bem tratada, não tanto por causa de quem escreve, mas devido ao viés da pauta editorial, toda ela orientada para a simples e simplificada exploração da notoriedade dos protagonistas, a serviço de um projeto com razões de ser somente comerciais.

1. Coisa fina será isso?

Será realmente fina a revista Serafina (assim mesmo, com as duas últimas sílabas em negrito, para várias leituras possíveis), que há dois domingos enfeita as edições dominicais da Folha de S. Paulo?

Para responder a essa questão, teremos de passar por outra, que a antecede: - E o que é ser fino?

Não sei responder. Mas alguns dos colaboradores que escrevem (n)a própria Serafina já o fizeram. A mais inteligente e profunda das respostas foi dada pelo repórter Paulo Sampaio: “Ser fino é sair com fotinha nesta galeria de colaboradores”.

Juro por todos os deuses que não faço ironia ao considerar inteligente e profunda a sentença de Paulo Sampaio. Em suas subjetividades, a frase faz a melhor definição da revista – que, por coincidência, na edição desta semana, tem o seu melhor pedaço na matéria assinada pelo mesmo Paulo Sampaio: em texto, um bom retrato da atriz Camila Morgado.

Bom texto, sob ponto de vista de quem o escreveu e de quem o lê. Mas que, na verdade do projeto, cumpre o esperto papel de adorno enganador – e Paulo Sampaio nada tem a ver com a enganação em que assenta a essência do projeto “Serafina”: sob o encanto de truques de maquiagem jornalística, vive e vibra um ambicioso projeto comercial. Não por acaso, no expediente da revista (página 12), as únicas referências explícitas a conteúdos jornalísticos aparecem no espaço da “Publicidade”: entre os cargos citados estão os de “Diretor de Noticiário” e “Gerentes de Noticiário”.

2. Forma boa, conteúdo ruim

A revista circulou esta semana com 60 páginas. Vinte e nove delas ocupadas por publicidade de alto custo, garantindo, calculo eu, receita mais do que suficiente para pagar as despesas de um orçamento enxugado por táticas de economia de escala e de uma redação que apenas faz o gerenciamento de serviços terceirizados.
O resultado financeiro, acredito, deve roçar a avaliação de “ótimo”. Mas, se olharmos a Serafina como produto jornalístico, a avaliação será outra, bem diferente.

Na edição desta semana há apenas um bom texto, aquele já citado, de Paulo Sampaio. O resto é mediocridade mais ou menos bem tratada, não tanto por causa de quem escreve, mas devido ao viés da pauta editorial, toda ela orientada para a simples e simplificada exploração da notoriedade dos protagonistas. Que acabam sendo revelados como heróis e heroínas sem idéias – porque a busca jornalística se limita ao brilho falso das aparências, da ostentação e das vaidades. A exceção, como já se disse, fica por conta do perfil da bela e talentosa Camila Morgado, bem captado e bem exposto por Paulo Sampaio.

Serafina tem coisas boas, claro. Mas como projeto comercial. Tem, por exemplo, um caprichoso revestimento gráfico, construído pela qualidade de três empresas prestadoras de serviços, que devem ser citadas: a Bizu_Design com Conteúdo, que criou o projeto gráfico; a Buono disegno, responsável pelo estudo tipográfico; e a Plural Editora e Gráfica, a quem cabe o tratamento de imagem. E no grupo do tratamento visual deve ser incluído o nome de Ana Starling, responsável pela Direção de Arte.

Complementando-se entre si, os profissionais desse grupo conseguiram impor ao projeto “Serafina” a característica que define a revista, tanto na sua materialidade quanto na sua filosofia: um produto mais para ser olhado do que para ser lido. E em tais águas, a natureza comercial do projeto navega gloriosamente.

3. Exemplar de “plublijornalismo”

Quem deve estar feliz da vida com o projeto é o jornalista Alcino Leite Neto, que faz parte da equipe de redação da revista, não sei se como colaborador ou membro efetivo. No dia 2 de agosto de 1998, Alcino publicou na Folha de S. Paulo, jornal onde já trabalhava, um artigo em que proclamava a morte do jornalismo tradicional, substituído, segundo ele, por um ente híbrido a que dava o nome de “publijornalismo” - solução resultante da mistura de jornalismo e publicidade.

Serafina constitui-se exemplar demonstração desse tal “publijornalismo”, ao qual o então empolgado Alcino Leite Neto dedicou a qualificação de “admirável meio novo”. No caso de Serafina, com um detalhe a que Alcino talvez não dê grande importância: as razões de ser são todas comerciais.

Jornalismo é apenas maquiagem esperta.














(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.
________________________
Já a FOLHA DE SÃO PAULO diz que:




Folha lança revista "Serafina" no domingo
Novo suplemento mensal retrata personalidades brasileiras e internacionais


Na próxima semana, "Revista da Folha" também apresentará novidades; reformulação vai reforçar olhar sobre São Paulo



DA REPORTAGEM LOCAL



A Folha lança no próximo domingo, dia 27, a Serafina, revista que vai acompanhar os assuntos e as personalidades que movimentam o cenário social no Brasil e no exterior.


Na edição de estréia, os colunistas da Folha Ruy Castro e Guilherme Barros e o correspondente do jornal em Washington, Sérgio Dávila, assinam entrevistas e perfis.


Entre os colaboradores da Serafina estão também Mônica Bergamo, Alcino Leite Neto e Barbara Gancia.


"O desafio a que a Serafina se propõe é passear pelo universo de nomes em evidência com atitude Folha, ou seja, primando por apuração jornalística sólida, imparcialidade e irreverência", diz Lulie Macedo, 31, editora da Serafina.


Com um projeto gráfico leve e moderno, a revista terá como destaque vasto material fotográfico, assinado por profissionais de prestígio.

No primeiro número, o fotógrafo Klaus Mitteldorf apresenta um ensaio realizado na confeitaria Colombo, no Rio, com uma atriz brasileira.

"Embora seja sofisticado, o projeto gráfico é sobretudo limpo. Ao trabalhar a fotografia como elemento gráfico, o design se renova, estimulando a curiosidade do leitor", afirma Ana Starling, diretora de criação do estúdio BIZU, responsável pela parte gráfica.

Com circulação em São Paulo, Rio e Brasília, a revista terá periodicidade mensal. Excepcionalmente, o segundo número sairá já em 4/5.


Mais novidades
No próximo domingo, a Revista da Folha apresenta novidades editoriais, priorizando temas de São Paulo. Além de investir em reportagens que retratam o cotidiano da cidade e dos seus personagens, bem como seus problemas e desafios, a Revista passará a comportar um guia diferenciado: o "Domingo a Domingo".

Segundo a editora da Revista da Folha, Eliane Trindade, 39, trata-se de um roteiro que vai oferecer mais do que dicas gastronômicas e culturais.

"Lá estarão as melhores indicações para o leitor aproveitar não só o domingo", explica ela.

Entre as novas seções, estão "O Mais Pedido", um perfil dos pratos de maior sucesso dos restaurantes. Já "É Dez" traz um mapa destacando uma dezena de programas nos quatro cantos da metrópole.

Ao final, o leitor da Revista da Folha terá à sua disposição pelo menos 50 dicas de lazer.


sábado, 1 de novembro de 2008

Cursos de comunicação, leitura, criatividade, escrita...

Quem nunca sentiu um friozinho no estômago ao ver uma folha em branco e ter literalmente "um branco"? E aquela dificuldade de ordenar as idéias para compor uma redação? Hum... Mas como fazer um resumo de um texto complicado? E se o problema for a diculdade de comunicação oral? Ah... Tem jeito? Tem sim!

Pesquisadora em Comunicação e desenvolvimento humano, a professora e escritora Solange Pereira Pinto tem se dedicado a formular projetos que desenvolvam a capacidade comunicativa dos indivíduos. Elaborando aulas (que ela chama de encontros) personalizadas, Solange tem obtido sucesso com seus alunos.

"Creio que o mais importante hoje seja derrubar os mitos que envolvem a comunicação. Por exemplo, vivemos numa cultura que passa a idéia de que quem não estuda não é inteligente, capaz, ou, ainda, de que quem é intelectual sabe de tudo. E não são verdades... Estamos na sociedade dos 'títulos acadêmicos', dos papéis, das visões estereótipadas, principalmente em Brasília que é uma cidade burocrata. Vivemos em um tempo de celebridades, mitos, ídolos e quem está fora se sente menos. Temos que valorizar outros aspectos da vida. Temos que 'democratizar' a auto-estima coletiva, popular", analisa.


Em seu ateliê colorido e cheio de imagens para desvendar, se abre outro mundo para quem quer se autodesenvolver. Quem quiser conhecer melhor o trabalho dessa educadora é só entrar em contato pelo email
sollpp@gmail.com ou visitar seu blog http://atocomtexto.blogspot.com/




Folder eletrônico, clique nele para ampliar a imagem:


segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Projeto novo - Aviação



Olá você,

Semestre novo, alunos novos, projeto novo.

A pesquisa de campo desta vez apontou para o público da Aviação (civil) e a partir dela pudemos traçar um perfil de leitor e editorial.

Na última aula, fizemos análise de segmento observando revistas que contemplam o tema Aviação (civil e militar).

Assim, vimos as principais pautas, tipos de públicos-alvo, linha editorial de revistas da atualidade que abordam a mesma temática que abordaremos etc.

Como exercício solicitei a observação (para cada publicação) dos itens a seguir, cuja análise de você deverá constar no comentário desta revista.


Perfil editorial



Nome da revista:
Link:
Público-alvo:
Periodicidade:
Eletrônica ou impressa:
Principais características da revista: tipo de linguagem / principais editorias etc


Postem aqui até o dia 8/10, certo?
E comecem a pensar em um nome legal para a nossa revista.

Abraços,

Solange
__________________________________________

p.s. O briefing do nosso projeto também deve ser postado aqui. Não se esqueçam da identificação, colocando o seu nome no final do comentário.
__________________________________________

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Lançamento da Revista Eletrônica Colação!





Chegamos ao final de mais um semestre! Desta vez conseguimos avançar no projeto e publicar um blog-revista-eletrônica (é possível?).

Com muito trabalho e num tempo limitadissímo pusemos na web a Revista Eletrônica Colação. Nosso desejo é que ela continue sobrevivendo e ganhando novos repórteres a cada semestre.


O lançamento é no dia 11 de julho, no laboratório 6 do UniCESP (campus Guará), quando todas as matérias estarão postadas pelos alunos que terminam agora a disciplina Jornalismo de Revista.


Quero parabenizar e agradecer o empenho de todos que a fizeram nascer, convidando-os a ler (e colaborar) sempre essa publicação que marcará uma época da graduação (bem atarefada por sinal!), e, sem dúvida, deixará saudades!

Um grande abraço,
Solange
..

terça-feira, 13 de maio de 2008

Vamos pesquisar?

Caríssimos!


Passamos o primeiro bimestre vendo e debatendo a teoria sobre o que é, como se faz, quais as tendências, a história e muito mais sobre o Jornalismo de Revista.

Analisamos algumas edições da Revista "O Cruzeiro". E, ainda, cada aluno fez a análise de conteúdo (comparando três publicações por segmento) para perceber as várias nuanças editoriais.

Após a parte teórica, passamos à pesquisa de campo, com a elaboração coletiva do questionário, sua aplicação no Campus Guará, a tabulação, discussão dos resultados, para enfim chegarmos a um perfil de público e preferências.

Na última aula conseguimos elaborar o briefing e rascunhar um "pré-projeto" da nossa revista. Decidimos que será uma revista eletrônica dedicada ao público universitário.


Meio caminho está andado!


Então, agora, chegou o momento de pesquisar o mundo virtual e dar uma busca em publicações e projetos eletrônicos.

Algumas trilhas:









É uma Revista Eletrônica que tem como objetivo
oferecer as pessoas mais um espaço na internet
voltado para a cultura, a arte e o conhecimento .



Revista Eletrônica do Iphan





Capa da Revista Etcetera - Edição 22










Revista Qualit@s


E mais mais:

_____________________________________________

Passearam pela www? Perceberam como cada uma tem seu estilo, linguagem e público? Deixe aqui um comentário contando sobre sua pesquisa.


E, vamos ao nosso projeto!


Abraços e até sexta-feira!


Solange

sábado, 5 de abril de 2008

Caros alunos do sétimo semestre,

Sejam bem-vindos a este espaço pedagógico e interativo. Vamos usar este blog para auxiliar (complementar?) nossas aulas de Jornalismo de Revista.

Nas seções vocês encontram alguns conceitos, exercícios, orientações. Como estamos em permanente construção, dêem sugestões sobre novas seções e temas para aprimorarmos este lugar de troca.

Bom passeio!

Abraços,

Solange

Infográfico


Infográfico para jornal feito por usuário wiki reconstituindo a queda do dirigível Hindenburg



Infografia ou infográfico


Infografia ou infográficos são representações visuais de informação. Esses gráficos são usados onde a informação precisa ser explicada de forma mais dinâmica, como em mapas, jornalismo e manuais técnicos, educativos ou científicos. É um recurso muitas vezes complexo, podendo se utilizar da combinação de fotografia, desenho e texto.

No design de jornais, por exemplo, o infográfico costuma ser usado para descrever como aconteceu determinado fato, quais suas conseqüências. Além de explicar, por meio de ilustrações, diagramas e textos, fatos que o texto ou a foto não conseguem detalhar com a mesma eficiência.

Também são úteis para cientistas como ferramentas de comunicação visual, sendo aplicados em todos os aspectos da visualização científica.


Fonte wikipédia saiba mais...

Linha do tempo

Uma característica sempre presente na história da Receita Federal é a promoção de ações para melhorar o atendimento ao cidadão. A modernização de suas unidades, a capacitação de seus servidores, o investimento em infra-estrutura, a construção de parcerias nos setores público e privado e a utilização da internet como um ambiente para a prestação de serviços e informações, são exemplos claros dessa postura.

O sítio da Receita Federal, especificamente, além de criar facilidades de atendimento aos contribuintes, tem incentivado a inclusão digital e promovido redução de custos de toda ordem, tanto para o Estado como para o cidadão.

Conheça os fatos marcantes da história do sítio da Receita Federal através desta “Linha do Tempo”.



Fonte Receita Federal


______________________________


Para conhecer outras linhas do tempo clique aqui




_____________________________

Curiosidade: conheça o site PONTEIRO e faça busca por datas.


Veja também a Linha do tempo de HARRY POTTER


____________________________

Não se esqueça que uma linha do tempo bem elaborada segue alguns critérios tais como:

1. cronologia
2. relevância da informação
3. curiosidade/inovação
4. pertinência (a informação deve ser pertinente ao tema da linha)
5. equilíbrio (textos com tamanhos equilibrados, nem tão sintéticos, nem longos)
6. introdução sobre o que se trata a linha do tempo
7. linguagem adequada ao público-alvo (atenção ao leitor)
8. imagens (bem escolhidas) que ilustrem o período a que se referem as informações


___________________________

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Fotonovela



Quadro a quadro, mas no papel
A fotonovela surgiu na Itália após a Segunda Guerra. As revistas resumiam enredos de filmes, que tiveram sua distribuição prejudicada pela crise econômica. Mais tarde, novas histórias passaram a ser contadas nessa forma de fotos combinadas com textos. No mercado brasileiro, títulos como Encanto, Grande Hotel (foto acima) e Capricho (foto abaixo) apareceram a partir da década de 50.





Almanaque Capricho. Sao Paulo: Editora Abril.
Ano 7, no. 475-B. (5/2/79).

FOTONOVELA

Considerada um subgénero da literatura, a fotonovela é uma narrativa mais ou menos longa que conjuga texto verbal e fotografia. A história é narrada numa sequência de quadradinhos (como a banda desenhada) e a cada quadradinho corresponde uma fotografia acompanhada por uma mensagem textual.

A fotonovela teve início na década de 40 em Itália e a sua origem foi motivada pela crescente popularização do cinema e a fama dos actores. A estabilização e o aperfeiçoamento técnico da fotografia, o acesso mais ou menos difícil de um público geral ao cinema e a inexistência ou limitada difusão da televisão são também factores importantes para o surgimento e sucesso da fotonovela . O neo-realismo em voga na Itália determinou as descrições quotidianas e a temática urbana e realista presente nas fotonovelas. Os iniciadores da fotonovela em Itália foram Stefano Reda e Damiano Damiani que começaram por publicar em revistas adaptações de filmes de sucesso (o chamado cine-romance que adaptou obras como O Conde deMonte Cristo, O Monte dos Vendavais, Ana Karennina, e A Dama das Camélias). Essas primeiras fotonovelas eram protagonizadas por actores populares e as revistas tentavam realçar um determinado tipo de imagem do actor em questão.

Mais tarde a fotonovela torna-se independente do cinema e caracteriza-se pelas suas intrigas sentimentais (a heroína é quase sempre uma rapariga de origem modesta que sonha com um amor cheio de obstáculos e dificuldades mas no final consegue o seu objectivo), as personagens não demonstram um grande desenvolvimento psicológico e são sempre estereotipadas (os bons são sempre bons e os maus arrependem-se no final ou sofrem as consequências), predomina o imaginário exótico, e, mais tarde o “suspense” e o sexo, os temas variam entre problemas afectivos, sociais, a procura de sucesso numa carreira, a justiça na sociedade, a ascenção social, a marginalidade, etc.

O público da fotonovela é um público maioritariamente feminino e culturalmente pouco exigente, com pouca formação e com um baixo poder económico. As revistas de fotonovela têm como finalidade a transmissão dos princípios éticos, morais e sociais concordantes com o sistema de valores da ideologia dominante através da integração da mulher na sociedade urbana.

Em França a primeira fotonovela data de 1949 e a sua expansão para Luxemburgo e Bélgica acontece logo depois. Em Espanha, a fotonovela surge nos finais dos anos 60 e conta com um público bastante extenso. Mais tarde a fotonovela chega à América latina e África do norte (a maior parte das revistas são traduções dos originais italianos). A fotonovela é um fenómeno que não tem ocorrência no mundo anglo-saxónico. É um produto de literatura de massas tipicamente latino.

A articulação narrativa da fotonovela é semelhante à da banda desenhada: um fotograma que apresenta um plano da acção acompanhado do texto verbal que reproduz o discurso das personagens, funcionando também como legenda ou resumo. O encadeamento da acção é lógico e cronológico, utilizando-se muitas vezes o recurso à elipse. A acção é, muitas das vezes, arrastada ao longo de vários números de uma revista o que aproxima a fotonovela do romance-folhetim do séc. XIX e do folhetim radiofónico. O narrador desempenha um papel importante na fotonovela uma vez que, para além de elucidar o leitor sobre a acção, enuncia também juízos de valor, ilações de teor moral, justificações sobre o comportamento das personagens e controla a acção, retardando-a e alongando-a. A linguagem utilizada nas fotonovelas é, normalmente redundante e expositiva para evitar a possibilidade de dúvidas ou conflito. Relativamente à fotografia nem sempre as fotonovelas possuem grande qualidade uma vez que a preocupação do consumo rápido e imediato das revistas e a preocupação do lucro fácil sobrepõem-se a uma maior noção artística. Os planos e os enquadramentos utilizados nas fotografias são quase sempre retirados do cinema.

Bib.: Angeluccia Bernardes Habert: Fotonovela e Indústria Cultural (Petrópolis, 1974)

Isabel Galucho